É com elevado sentido de responsabilidade e missão que assumo a presidência da Associação BRP. Estou, juntamente com a restante Direção, empenhado em ampliar a influência e o impacto das nossas propostas e iniciativas na sociedade e no país, de formar a concretizar a ambição de crescimento que reclamamos para Portugal.
Carta aberta dos CEOs das empresas associadas da Business Roundtable Portugal e de empresários comprometidos com o futuro do país.
Vivemos um ponto de inflexão. O mundo reorganiza-se à velocidade da tecnologia e da estratégia. Quem não agir agora, ficará com inveja do sucesso dos outros e Portugal pode, e deve, numa década, estar entre os vencedores.
Portugal tem talento. Tem estabilidade. Tem localização. Mas falta-lhe o mais importante: ambição e ação.
Ambição de ter uma indústria forte. Ambição de vender e operar fora de Portugal, e estar para lá da Europa. Ambição de crescer com empresas que não nascem grandes, mas têm de poder tornar-se grandes. E a ação de quem acredita na ambição que tem.
A nova ordem mundial não está à espera de ninguém. A pergunta é simples: queremos lutar pelo que podemos ser ou contentar-nos em ficar com as sobras dos outros?
A Europa precisa de mudar. Portugal tem de decidir se muda com ela.
A União Europeia pode ser um dos 3 maiores blocos mundiais e representa 17% do PIB global, mas continua fragmentada e, por isso, também a falar com quatro vozes menores no G7, onde podíamos ser atores de igual para igual em vez de sermos sobretudo espetadores. E o seu mercado interno continua uma miragem, na prática, permanece cheio de barreiras invisíveis:
- O FMI estima que as fricções comerciais entre países da UE equivalem a 44% de tarifas em bens – 3x mais elevadas do que acontece entre estados dos EUA e, pior, 110% nos serviços.
- Alinhar o comércio intra-europeu ao modelo intra-estados norte-americanos resolveria um quarto do défice de produtividade que a Europa tem face aos EUA.
Isto não é um mercado único. É uma oportunidade perdida pela fragmentação.
Portugal, um dos maiores países de média dimensão da UE, tem de ser um agente ativo da concretização do mercado único e tem de tirar partido disso mesmo.
A oportunidade para Portugal é agora: reindustrializar com inteligência.
As alterações da geopolítica estão a levar ao estreitar e aproximar das cadeias de valor.
Portugal deve aproveitar este novo ciclo industrial com base em três forças:
- Digitalização, que torna a distância relativa e em muitos aspetos irrelevante.
- Inteligência Artificial, que permite saltos de produtividade e superpoderes até para as PME.
- Transição energética e renováveis, que abre espaço para fábricas mais leves e sustentáveis com energia competitiva no âmbito europeu.
É uma oportunidade de uma geração. E é nossa. Se não a agarrarmos agora, será de
outros.
Portugal precisa de ferramentas, não de entraves.
A ambição exige um novo contrato entre Estado, empresas e sociedade civil que assuma uma posição de destaque para a criação de riqueza e que encoraje e celebre o sucesso das nossas pessoas e empresas tirando partido das enormes oportunidades que existem:
- Licenciamento e burocracia: Libertar o país para criar riqueza, aplicando à indústria e aos restantes serviços o modelo de sucesso usado no turismo - ex post, com confiança no privado e que muito contribuiu para que pudesse crescer a 3x o ritmo do resto da economia.
- Justiça fiscal e administrativa: Aplicar ao contencioso administrativo e fiscal o que fizemos na justiça cível e comercial na última década e que leva menos de 1/3 do tempo dos tribunais fiscais e administrativos. Justiça lenta não é justiça e é inaceitável que estejam mais de 12 mil milhões de euros de litígios fiscais bloqueados nos tribunais.
- Sistema fiscal: Reconfigurar com urgência o IRS até 1,5x o salário médio nacional para libertar a vontade de 60% dos portugueses quererem crescer – precisamos de quebrar a armadilha de pobreza que condena quase ¼ dos trabalhadores a ficarem presos no salário mínimo nacional; o Estado fica com 62% do aumento salarial de quem ousa escapar do SMN, o que é imoral. Propomos na primeira fase eliminar os 5 primeiros escalões de IRS.
Também no IRC, precisamos de acabar com o sistema progressivo que nos condena a ter menos 41% de grandes empresas do que a média da EU, condenando os portugueses a menores produtividades e salários mais baixos. Propomos eliminar a Derrama Estadual.
- Energia: Liderar em renováveis e tecnologias de baixo carbono. É uma ambição digna, mas só lideramos quando trazemos os outros connosco. A liderança deve apoiar-se numa base de energia competitiva, confiável, segura e sustentável a longo prazo que permita a reindustrialização de Portugal e da Europa.
A década de crescer muito mais começa agora
Portugal não é pequeno, nem pequeno demais para sonhar. É apenas um país que se habituou a pensar pequeno. Mas temos o que é preciso para pensar e agir em grande. E sabemos para onde queremos ir: estar em dez anos no top 5 europeu de riqueza per capita, ao nível da Bélgica e da Áustria. Com mais ambição, mais escala e mais ação.
Assinamos esta carta porque acreditamos no país e nos portugueses. Porque sabemos que podemos e que estamos a fazer mais. E porque liderar é escolher não ficar parado. Desafiamos todos a juntarem-se a este propósito porque Portugal pode e deve ser muito melhor.
Alberto Teixeira (Ibersol), Alexandra Aires Vargas (Trovisco Aires e Carmo), Alexandre Relvas (Casa Relvas), Álvaro Silva (Ramalhos), Ana Felipa Almeida (Eyer Partners), Ana Figueiredo (MEO), Ângelo Paupério (NOS), António Carlos Rodrigues (Grupo Casais), António Coutinho (Grupo MCoutinho), António Esteves (Fortitude Capital), António Horta Osório (Bial), António Isidoro (Soja de Portugal), António Lobo Xavier (EDP), António Parente (Grupo Madre), António Pires de Lima (Brisa), António Portela (Bial), António Redondo (The Navigator Company), António Rios de Amorim (Corticeira Amorim), António Simões (Treemond), António Vieira (Fama Corretores), Avelino Gaspar (Lusiaves), Benedita Amorim Martins (Conduril), Bernardo Almada-Lobo (LTP Labs), Carlos Moreira da Silva (Teak Capital), Carlos Mota Santos (Mota-Engil), Carlos Nunes (ERA Expense Reduction), Cláudia Azevedo (Sonae), Cristina Fonseca (Indico Capital Partners), Débora Campos (AgroGrin Tech), Diogo Santos (Flower Dreams), Fernando da Cunha Guedes (Sogrape), Fernando Guedes de Oliveira (SONAE Sierra), Fernando Silva (Siemens), Fernando Vicente (Val Grupo), Filipe de Botton (Logoplaste), Francisco Ferreira Cabral (Quinta do Vallado), Francisco Domingues (Tangor Capital), Frederico Silva Pinto (Cerealis), Frederico Vargas (Trovisco e Carmo), Gonçalo Cadete (Solyd Property Developers), Gonçalo Teixeira (Grupo Ferpinta), Gustavo Mesquita Guimarães (Luboil), Hugo Augusto (Semapa Next), Hugo Marcelo Nico (Tabaqueira), Humberto Costa Leite (Almina), Humberto Pedrosa (Grupo Barraqueiro), João Brás (Grohe Portugal), João Barbosa (Dynargie), João Braz Frade (Twinpikes), João Bento (CTT), João Castelo Branco (Banco CTT), João de Mello (Bondalti), João Miranda (Miranda & Irmão),João Gunther do Amaral (Bright Pixel), João Oliveira e Costa (BPI), João Ortigão Costa (Sugal), João Paulo Oliveira (Triangle’s Cycling Equipments), João Serrenho (CIN), Joaquim Fernandes (Mundifios), Joaquim Sérvulo Rodrigues (Armilar), Jorge Ferreira (Care to Beauty), Jorge Magalhães Correia (Fidelidade), Jorge Melo (Muroplas), Jorge de Melo (Sovena), José Augusto Santos (ETSA), José Luís Arnault (ANA - Aeroportos de Portugal), José Luís Penha (PSL Navegação), José Soares de Pina (Altri), José Theotónio (Grupo Pestana), Luís Aguiar (Meivcore), Luís Chaves (A. Henriques), Luís Coelho (Desvio X), Luís Castro de Melo (Bebévida), Luís Menezes (Grupo Ageas Portugal), Luís Miguel Sousa (Grupo Sousa), Luís Paulo Tenente (Point Capital Partners), Luís Pedro Duarte (Eyer Partners), Luís Pinto (Grupo Pinto & Cruz), Luís Rodrigues (Montalva), Manuel Carvalho Gonçalves (TMG Group), Manuel Violas (Grupo Violas), Mário Fortuna (Fábrica de Tabaco Micaelense), Marta Amorim (Amorim Holding), Martim Morgado (CS’ Associados), Miguel Costa Duarte (Costa Duarte – Corretor de Seguros), Miguel Farinha (EY), Miguel Gil Mata (Prismore Capital), Miguel Mota Freitas (Worten), Miguel Ramos (Grupo Salvador Caetano), Miguel Stilwell d'Andrade (EDP), Nuno Barroca (Amorim), Nuno Botelho (Associação Comercial do Porto), Nuno Amado (Millennium bcp), Nuno Galvão Teles (MLGTS), Nuno Macedo Silva (RAR Sociedade de Controle Holding SA), Nuno Marques (Grupo Visabeira), Paula Amorim (Galp), Paulo Apolónia (Apolónia), Paulo Cruz (TUPAI), Paulo Pereira (AAC Têxteis), Otmar Hubscher (Secil), Paulo Rosado (Outsystems), Pedro Baltazar (Grupo Nova Expressão), Pedro Carvalho (Generali Tranquilidade), Pedro Castro e Almeida (Santander), Pedro Galhardas (Roland Berger), Pedro Moreira da Silva (Cerealis), Pedro Moreira da Silva (I-Charging), Pedro Rego (F. Rego Corretores de Seguros), Pedro Santa Clara (Shaken), Pedro Torres (Controlar), Ramiro Brito (Grupo Érre), Ricardo Bastos (Dream Media), Ricardo Gonçalves (Gocial), Ricardo Machado (Grupo RNM), Ricardo Moreira (Universalis Corretora de Seguros), Ricardo Pires (Semapa), Rita Silva Domingues (Tangor Capital), Rodrigo Costa (REN), Rui Amorim Sousa (Cerealis), Rui Carrington (OCP Portugal), Rui Correia (Sonae Arauco), Rui Dinis (CUF), Rogério Campos Henriques (Fidelidade), Rui Miguel Nabeiro (Delta Cafés), Rui Paulo Rodrigues (Simoldes), Rosa Almeida (Expoluz), Salvador da Cunha (LIFT), Salvador de Mello (José de Mello), Sandra Ayres (Euroatla), Sandra Santos (Logoplaste), Sara do Ó (O Capital), Sérgio Boavista (Sérgio Boavista Mediação de Seguros), Sérgio Monteiro (Horizon Equity Partners), Sérgio Silva (Vigent Group), Sérgio Soares (Transdev), Soledade Carvalho Duarte (Transearch), Tiago Moreira da Silva (BA Glass), Tomás Jervell (Nors), Vasco de Mello (José de Mello), Virgílio Bento (Swordhealth), Vital Almeida (Ciclofapril), Vitor Neves (AIMMAP).